terça-feira, 19 de julho de 2011

Causo 16 Na Redação do Estadão...

Nicanor de Freitas Filho

Trabalhei por 5 anos na OESP Gráfica, subsidiária do Grupo Estado, que era uma gráfica especializada em impressão e acabamento de livros. Considero que, profissionalmente, foi onde desenvolvi meu melhor trabalho.
            Eu era Gerente Comercial, mas a Gráfica tinha uma equipe bem afinada e nós trabalhávamos em conjunto. Nessa época, estávamos vendendo muito bem para as Editoras do mercado chamado “Porta-a-porta”, cujos principais produtos eram coleções de livros “capas-dura”. Assim, insisti para melhorar nosso equipamento de encadernação de capa-dura, que na época era uma máquina Kolbus muito antiga. Feitas as pesquisas, descobrimos uma empresa inglesa que reformava e vendia equipamentos gráficos e que tinha para reforma, exatamente uma encadernadora, como queríamos. Fomos, o Gerente de Produção, o Chefe da Manutenção e eu, a Leeds, na Inglaterra, onde era localizada a empresa que reformava, vimos a máquina e fechamos o negócio. Logo em seguida, o dono da empresa, viria mesmo à America do Sul e aproveitou para nos visitar.
            O nosso estabelecimento gráfico ficava em Alphaville e não era muito grande, assim, sempre que precisássemos “esnobar” nossa empresa, levávamos ao Estadão Jornal, na Marginal Tietê, aquele prédio bonito e vistoso. Aí, realmente podíamos esnobar, porque mostrávamos as rotativas, a pré-impressão, que naquela época já era toda digital, e, aproveitávamos para mostrar também a Redação, a Agência Estado, a Distribuição etc..
            Como meu inglês era o mais “entendível”, fui designado para buscar os visitantes no hotel e levá-los ao Estadão, o que era para mim um serviço rotineiro, já que tinha trabalhado na Melhoramentos por 10 anos, como Gerente de Exportação e levava visitas, do exterior, constantemente, tanto na Gráfica, como nas Fábricas em Caieiras.
            Chegando no prédio da Marginal, mostrei primeiro o saguão que é muito bonito, e se quiser contar “causos”, tem muitos para contar. Levei na pré-impressão, que tinha equipamento bem novo, mostrei as rotativas enormes e fui mostrar a Redação, pois todo mundo gosta de conhecer uma redação de jornal, principalmente do Estadão, que é reconhecido internacionalmente, como o maior e melhor jornal do Brasil.
            Quem nunca visitou uma redação, no caso de dois jornais juntos, Estadão e Jornal da Tarde, trata-se de um salão que ocupa todo o andar e é inteiramente aberto, ou seja, não tem divisórias, apenas baias de trabalho, bem baixas. Todo o mobiliário é de móveis de aço, aquelas mesas que tem um painel de aço na frente. Eu não tenho certeza, mas devem permanecer lá dentro, constantemente, cerca de 100 pessoas ou mais, pois são redatores, jornalistas, diretores,  e todo tipo de funcionários que trabalham lá, todos conversando, falando ao telefone, pedindo as coisas, ou seja, um verdadeiro “burburinho”!
A entrada é por uma porta de vidro temperado, de duas lâminas e como é um pouco superior ao piso que sai do elevador, tem dois degrauzinhos baixos de um lado, e, do outro lado é uma rampinha, para os office-boys passarem com o carrinho. Eu, muito preocupado em ser educado, abrir a porta fazer as visitas passarem, para lhes mostrar o que, talvez seja o mais importante na empresa, não tirei os olhos dos três visitantes que me acompanhavam, e, segurando a porta de vidro; quanto mais eu levantava o pé para subir os degrauzinhos, não os encontrava, porque, na verdade eu estava na rampa. Não sei explicar como –  se soubesse não teria acontecido – meu pé ficou preso na “rebarba” da rampa que a separa da escadinha. Eu saí do que chamamos de “cata-cavaco”, totalmente desequilibrado e nada me fazia levantar, fui caindo, caindo, tentando por as mãos no chão, mas o embalo foi grande e só fui parar com a cabeça na mesa da recepcionista, a uns 4 metros adiante, que como disse, era de aço, com aquela chapa bem na frente da mesa. Quando a careca bateu na mesa o estrondo foi o bastante para se fazer um silencio absoluto na Redação! Todos pararam para ver o que eu tinha quebrado e esperavam que não fosse a cabeça... Eu me levantei, levantei os braços, como quando um centro-avante faz o gol, e falei: “- Estou vivo!!!”
Não teve quem não caísse na risada. Até as visitas...
Realmente, poucas coisas são mais engraçadas do que um tombo desse tipo!

2 comentários:

  1. Eu teria fingido um desmaio.....kkkkkkk
    Excelente causo, parabéns, estou adorando.
    Estas preciosidades precisam ser eternizadas em um livro, já pensou nisto?
    Abçs, Magda

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  2. Magda, infelizmente livros no Brasil, só de autores famosos. Nós temos que escrever para quem nós gostamos e, pelo menos, encontrei uma forma de passar aos amigos, pelo blog.
    Muito obrigado pelos seus comentários. É ótimo saber o que os outros pensam sobre o que nós escrevemos!
    Abraços - Nicanor

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Obrigado pelo seu comentário! É sempre muito bem vindo.
Nicanor de Freitas Filho